Sinopse

Diário do Farol: onde as palavras se revelam inadequadas, peça baseada na obra Diário do Farol de João Ubaldo Ribeiro, traz como personagem principal um ex-padre de 60 anos (Amarílio Sales) autoexilado numa ilhota chamada Água Santa, onde constrói um farol e, ali, relata uma vida inescrupulosa para confirmar a sua existência. Ao relembrar a infância na fazenda, o personagem descreve as surras e humilhações cometidas pelo pai (Daniel Becker). A partir da morte da mãe (Nayara Homem), ele passa a ouvir a voz materna sussurrando-lhe vingança. Mandado ao seminário, o personagem, que não revela seu nome, cria intrigas e presta favores sexuais para sobreviver ao ambiente permeado de corrupção e, assim, alcançar seus objetivos. Quando conclui os estudos religiosos, é enviado à paróquia de Praia Grande e começa a se relacionar sexualmente com as noivas da cidade, entre elas a jovem esquerdista Maria Helena (Tatiane Carcanholo), que rejeita seus apelos amorosos. Desprezado e com desejo de ir à forra, ele se alia a Ditadura Militar e se infiltra no grupo subversivo formado por Maria Helena. Ao entrar no universo da Revolução, como delator, descobre o prazer nas torturas. Considerando-se acima do bem e do mal, ele espalha um rastro de destruição e não poupa ninguém para fazer valer a sua vontade. Como aconselha o autor na epígrafe do romance: “Não se deve confiar em ninguém”.

Faróis que se encontram

O livro Diário do Farol foi apresentado a Amarílio Sales pelo produtor Erlon Bispo (foto a esquerda), que fez a indicação, pois achava que num espetáculo teatral o ator se sairia bem no desafio de interpretar um transgressor dos códigos morais, sem afeição pelas pessoas. O produtor disse que emprestaria seu exemplar, porém não sabia onde estava. Amarílio providenciou o livro e ao lê-lo, foi impactado pela história. Decidiu conversar com Erlon sobre os trâmites necessários para viabilizar o projeto. O amigo sugeriu que convidasse um diretor competente que tivesse o perfil conciliatório para a montagem e chegou ao nome de Fernanda Paquelet (foto a direita). Num encontro na casa dela, o ator perguntou se ela lera o Diário do Farol. Fernanda prontamente respondeu: “Li. Há um tempo Erlon me emprestou o livro, inclusive, preciso devolver”. Este sinal tão claro selou a parceria, Fernanda presenteou Amarílio com o romance, que estava em suas mãos, e escreveu uma dedicatória para registrar o encontro.


23 de janeiro de 2011- aniversário de João Ubaldo Ribeiro- Ilha de Itaparica


Neste dia, Amarílio Sales (ator) e Maurício Ferreira (assessor de imprensa) tiveram o privilégio de conhecer o grande escritor brasileiro e puderam partilhar do almoço e da simplicidade baiana de JOÃO UBALDO RIBEIRO. A Ilha estava em festa e feliz por saber que a sua maior personalidade completava mais um ano de vida farta em saúde e na genialidade. Não poderíamos deixar de registrar este momento, o encontro entre criador e criatura.

Os Faróis de Ubaldo - Exposição

Com o intuito de aproximar o público baiano da obra de João Ubaldo Ribeiro, a Quatro Produções Artísticas e a EBS Produções Culturais, em parceria com a Editora Objetiva, apresentam a exposição interativa O Farol de Cada Um, composta por todos os livros, tanto adulto quanto infantil, do escritor itaparicano. (À esquerda, Espaço Cultural Barroquinha e à direita, Aliança Francesa)
A mostra contempla, também, fotos do processo de montagem do espetáculo Diário do Farol: onde as palavras se revelam inadequadas, das leituras dramáticas aos ensaios, passando pelas reuniões de figurino e maquiagem, momentos registrados pelo trio de fotógrafos Alexandre Moreira (1ª tela), Nilson Rocha (tela central) e Ricardo Konká ( 3ª tela).















Leituras do texto adaptado para o teatro.

DIÁRIO DO FAROL: ONDE AS PALAVRAS SE REVELAM INADEQUADASA 1ª leitura foi realizada no ISC (Instituto de Saúde Coletiva) no dia 30.04. A partir desse encontro, outros 10 foram realizados, em diversos espaços (na Quatro Produções, na FTC- com os alunos de Psicologia, no CETAD- Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas, no Centro Psicanalítico, no CEAPP e na Livraria Cultura- Teatro Eva Hertz). Estas leituras foram de suma importância no processo de construção do espetáculo e, principalmente, no caminho para a construção das personagens.






...Há, sim, toda uma arte e uma sensibilidade inata no ser humano pelo ato do assassinato, seja ele como for. Não é por nada que multidões se reúnem na rua onde um possível suicida ameaça pular de um décimo andar...
(“Diário do Farol”, de João Ubaldo Ribeiro)